Construção da trajetória de carreira

O termo carreira é utilizado em uma variedade de contextos e funções, tanto no discurso acadêmico quanto profissional. Refere-se a sequência de ocupações e posições que uma pessoa assume ao longo da sua vida profissional. É aplicado para qualquer pessoa, e está relacionado com as experiências de trabalho e atividades ao longo da vida. Também tem relação com outros aspectos da vida pessoal, e por isso a carreira é algo específico para cada pessoa.

No Era Industrial a carreira estava mais relacionada com a sequência hierárquica de funções que uma pessoa poderia ocupar. Nessa época a construção da carreira era algo mais estável, previsível, e a empresa tinha grande responsabilidade sobre o processo. Hoje, essa realidade não acontece mais desta forma. Os novos modelos de negócio e de trabalho trazem mais incerteza e instabilidade para os profissionais, que precisam então assumir o protagonismo na própria construção de suas carreiras. A possibilidade de mudança de área ao longo da vida, de busca por sentido e significado no que estamos fazendo, também amplia o leque de oportunidades para se repensar a todo momento, qual o próximo passo que desejamos dar nas nossas carreiras. Para que possamos fazer isso de forma efetiva, é fundamental entendermos aspectos que envolvam esse tema.

Existem duas dimensões presentes na construção da carreira. Uma das dimensões da carreira é a externa que envolve fatores objetivos como, por exemplo, posição, cargos, funções, estilo de vida, relações jurídicas. Reflete um mundo real de restrições e oportunidades na carreira. Nessa dimensão, a pessoa busca identificar o que é possível e realista de ser alcançado, dada a sua percepção do mundo do trabalho e o contexto do mercado.

A outra dimensão é a carreira interna, mais subjetiva e está relacionado à identidade, autoimagem, significado. Inclui medos, frustrações, sonhos e esperanças. Tem relação com à interpretação da pessoa sobre as suas experiências. O sentido que ela atribui à sua trajetória. Cria a percepção sobre quem a pessoa é, e o que é possível de alcançar.

Ambas as dimensões devem estar presentes quando refletimos sobre a construção da nossa carreira. Elas podem sofrer mudanças a todo momento durante a nossa trajetória profissional. Passamos por diferentes estágios que irão interferir diretamente no processo de construção dessa trajetória:

Início da vida profissional: ambições, medos, esperanças e ilusões;
Descoberta: através das primeiras experiências de trabalho as pessoas descobrem interesses, motivadores, valores e habilidades;
Consolidação: percepção mais concreta sobre o que precisam e gostam, em que são bons e quais habilidades são críticas para seu trabalho;
Motivadores: são dinâmicos e vão sofrendo alterações junto com a trajetória de vida da pessoa. Estão relacionados com o que as pessoas mais profundamente acreditam e valorizam sobre o trabalho e a vida.

Ter uma trajetória da carreira que traga satisfação, envolve um processo profundo de reflexão juntamente com a construção de um projeto de carreira, com ações de curto, médio e longo prazo em direção a um propósito específico. É trabalhar de forma intencional para se alcançar o próximo estágio desejado.

Além disso, a carreira também sofre influência do projeto de vida da pessoa, que tem características muito individuais e envolve realidades subjetivas que devem ser abordadas na construção da carreira. A vida não é um produto acabado, mas sim formada por diversos ciclos, que envolvem diferentes papéis. Ter a capacidade de refletir constantemente sobre si mesmo e o contexto no qual está inserido, é o que permitirá ao indivíduo construir uma trajetória profissional alinhada com os desejos e necessidades individuais.

Esse é um processo dinâmico que sofre mudanças ao longo de toda a vida profissional da pessoa, uma vez que existe uma permanente evolução dos indivíduos, contextos e da sociedade. A pessoa deve reconhecer que a construção da sua carreira não será um caminho linear, mas sim uma jornada em constante transformação.